Sou, até certo ponto, antiquada para muitas coisas. Uma mistura de educação rígida com um conjunto de “boas maneiras”, que é comum às pessoas da minha geração. Ao mesmo tempo, sou aberta ao mundo. Não poderia ser diferente, alguém que saiu de casa aos 15 anos.
Como assim, educação rígida e sair de casa aos 15 anos? Eu morava na histórica Ilha de São Chico que, apesar de linda, não tinha recursos acadêmicos para quem sonhava desbravar o mundo. Ou seja, sair era a única opção para a futura conquistadora do Universo. Não havia rigidez que me convencesse do contrário.
De lá para cá, muitas descobertas, quedas, superações, desapontamentos, encantamentos e tudo o mais de quem ousa viver. Tudo dentro dos meus valores. Que cada um tenha os seus, amém! Respeito todos.
Tá e daí, Magda, vai nos contar que sua próxima aventura será desbravar Highlander? Ou que já fez isso? Não amigos, fiz viagens muito mais interessantes… Várias viagens pelo meu cérebro!!! E descobri que ele tem caminhos que me levam a todas as respostas. É simplesmente incrível!
Sempre considerei o autoconhecimento uma poderosa ferramenta de desenvolvimento pessoal e profissional. Acredito que ter noção das nossas vulnerabilidades e das potencialidades, e saber como lidar com todos esses atributos, faz muita diferença nas nossas relações interpessoais e na relação da gente com a gente mesmo. Passado um período de turbulência pessoal, vencida a preguiça e o medo de cutucar em coisas que poderiam me entristecer, resolvi me entregar à terapia. Mas eu (desbravadora do mundo, lembram-se?) queria algo diferente do usual bate papo, que eu já havia experienciado e reconheço que tem também vantagens e benefícios. Então, como o Universo conspira, chegou até minhas mãos, o cartão de uma psicóloga que além do nome dela, tinha também no cartão, a sigla EMDR e o descritivo da mesma.
Durante o processo inicial, de relatar detalhadamente toda a minha vida, a Ana tornou-se também especialista em BRAINSPOTTING. Voltou de uma fase do seu curso sobre tal assunto e perguntou: Quer tentar? Considerei a primeira sessão com essa “técnica”, diferente. Tinha vontade de dormir, de rir, de chorar… Hoje penso que fazia parte do meu processo, como se uma luta interna para eu relaxar e “entrar no clima”. É claro que mergulhei de cabeça.
As sessões tinham conversas iniciais (afinal a Ana é muito querida e, sendo também dotada de boas maneiras, abria as sessões perguntando sobre os meus últimos dias) e conversas finais para a garantia que eu tinha feito um bom retorno da “viagem” que acabara de fazer. No meio e maior parte da sessão, éramos eu e meu cérebro, mais propriamente, meu subconsciente. Eu mentalizava a situação – recente ou de anos atrás – entendia as reações físicas que meu corpo sentia e começava a trabalhar com o meu subconsciente para entender os porquês e excluir qualquer sensação de desconforto. O cérebro reagia me enviando imagens e pensamentos esclarecedores. Às vezes vinham à mente situações que estavam tão adormecidas que eu nem recordava ter vivenciado. Não posso afirmar que os minutos seguintes eram apenas sorrisos. Mas os dias seguintes, sim! Sorrisos resultantes de lindas viagens que me proporcionavam entender minhas ações e reações, reprogramar alguns traumas, aceitar o que não era possível mudar e estabelecer estratégias de como lidar com isso. Viagens que me fortaleceram para futuros desafios e saltos cada vez maiores.
Eu ainda não desbravei o universo como gostaria, nem conheci todos os lugares que sonho, mas estou certa que comecei pela melhor viagem que poderia ser feita: àquela que me levou a conhecer quem eu sou de verdade, aquela que me levou ao meu mundo, ao meu Ser, o qual é o primeiro que deve ser desbravado, amado e conquistado. “Me conquistei”!
MF, 23.10.2014
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